O que você precisa saber sobre inflamação e o uso abusivo de anti-inflamatórios

A inflamação é uma resposta natural do corpo a danos ou infecções, e pode ser aguda ou crônica, dependendo da causa e duração. Os anti-inflamatórios são medicamentos que minimizam essa reação e também os sintomas ligados a ela, como a dor. Nesse sentido, são frequentemente utilizados para aliviar incômodos de diversas condições, como lesões, artrite e doenças autoimunes.

No entanto, o uso de anti-inflamatórios indiscriminadamente pode acarretar sérios problemas de saúde. Embora o ideal seja administrá-los apenas com orientação e prescrição médica, esses fármacos podem ser adquiridos sem receita médica, facilitando o uso abusivo e o aumento de efeitos colaterais.

Ficou curioso sobre o assunto? Então, continue a leitura para saber mais!

Qual é o panorama sobre o uso de remédios no país e no mundo?

Definido em 1985 pela Organização Mundial da Saúde (OMS), o Uso Racional de Medicamentos é aquele em que “os pacientes recebem medicamentos adequados às necessidades clínicas, em doses que atendam às suas necessidades individuais, por um período adequado e ao menor custo para eles e sua comunidade”. No entanto, essa a realidade não é exatamente essa.

Cenário mundial

A estimativa da OMS é de que mais de 50% das medicações disponibilizadas aos pacientes em todo o mundo seja receitada, fornecida ou comercializada inapropriadamente. Além disso, o órgão também calcula que metade dos consumidores, mesmo recorrendo às medicações, não adere adequadamente aos tratamentos.  

Cenário nacional

Já no Brasil, aproximadamente 90% das pessoas praticam a automedicação, segundo o Instituto de Pesquisa e Pós-Graduação para o Mercado Farmacêutico (ICTQ), que mantém um registro de dados desde 2014.

Por que há uso abusivo de anti-inflamatórios?

No Brasil, o uso excessivo de anti-inflamatórios é particularmente comum. Isso decorre do fácil acesso e da percepção de que esses medicamentos são seguros e eficazes para uma variedade de problemas de saúde. Contudo, essa é uma ideia equivocada, visto que o uso prolongado e inadequado dessas substâncias pode resultar em graves consequências.

Como ocorre o processo inflamatório no organismo?

Como já introduzido, a inflamação é uma resposta do sistema imunológico a uma agressão, como uma infecção, lesão ou toxina. Ela ocorre em duas fases principais. Veja abaixo.

Inflamação aguda

Trata-se de uma resposta imediata a uma lesão ou infecção, que inclui a dilatação dos vasos sanguíneos e o aumento do fluxo de sangue para a área afetada. A consequência desse processo é o calor, a vermelhidão e o inchaço, além da liberação de substâncias que ajudam a combater a infecção ou a curar o tecido danificado.

Inflamação crônica

Ocorre à medida que a inflamação persiste por longos períodos, ou é desencadeada por uma resposta autoimune — quando o corpo ataca seus próprios tecidos. Pode levar a doenças crônicas, como artrite reumatoide ou doenças cardíacas.

Em quais situações é indicado o uso de medicamento anti-inflamatório?

Essas drogas são indicadas em situações em que a inflamação precisa ser controlada para aliviar dor, inchaço e outras complicações, e costumam ser prescritas em casos de:

• lesões agudas como entorses e contusões;
• doenças inflamatórias crônicas como a artrite e o lúpus;
• infecções;
• pós-operatório, para o controle da dor e inflamação.

A administração desses medicamentos deve ser sempre orientada por um profissional de saúde, pois cada tipo de inflamação exige um tratamento adequado. A utilização por conta própria pode prolongar e/ou agravar problemas de saúde relativamente simples.

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Quais são os malefícios de utilizar anti-inflamatórios sem necessidade?

Quando tomados sem orientação médica, ou por períodos prolongados, os anti-inflamatórios podem ocasionar uma série de efeitos adversos. Confira abaixo alguns dos principais.

Danos ao sistema gastrointestinal

A administração excessiva de medicamentos anti-inflamatórios não esteroides (AINEs) pode irritar o revestimento do estômago e intestino, causar gastrite, úlceras gástricas e até mesmo hemorragias intestinais.

Esses efeitos são mais comuns em pessoas que fazem uso frequente dos medicamentos sem acompanhamento médico.

Problemas renais

Utilizar anti-inflamatórios em excesso pode ainda afetar a função dos rins, especialmente em pessoas com predisposição a problemas renais ou hipertensas. Em casos graves, o abuso leva a insuficiência renal, condição que exige tratamento especializado.

Riscos cardiovasculares

O uso prolongado de alguns anti-inflamatórios está associado ao aumento do risco de doenças cardiovasculares, como hipertensão, infarto do miocárdio e acidente vascular cerebral (AVC). Tal condição é o resultado da atuação dos AINEs que conseguem alterar a função dos vasos sanguíneos e aumentar a retenção de líquidos.

Comprometimento do sistema imunológico

Anti-inflamatórios podem comprometer o sistema imunológico ao interferir nas respostas naturais do corpo, tornando-o mais vulnerável a infecções. Essa supressão da inflamação também pode atrasar a recuperação de lesões e infecções.

Aumento do risco de reações alérgicas e efeitos adversos

Embora incomuns, os anti-inflamatórios podem causar reações alérgicas graves, como dificuldade respiratória, erupções cutâneas ou inchaço. Recorrer a medicamentos sem necessidade eleva a chance de reações adversas inesperadas.

Desregulação da dor e da inflamação

Ao mascarar a dor e a inflamação, o uso de anti-inflamatórios sem indicação médica atrasa o diagnóstico de doenças subjacentes mais sérias. Camuflar o problema faz com que ele seja tratado de forma inadequada ou não tratado, agravando a condição original.

Dependência e tolerância

Embora não seja uma dependência no sentido clássico, o uso frequente de anti-inflamatórios pode levar à tolerância. Com isso, surge a necessidade de doses maiores para obter o efeito esperado. Consequentemente, aumentam os riscos de efeitos colaterais e complicações.

Danos ao fígado e a outros órgãos

Alguns anti-inflamatórios, especialmente quando usados em doses altas ou por longos períodos, afetam o fígado e outros órgãos vitais. Eles comprometem o seu funcionamento e levam a danos irreversíveis.

Como vimos, uso de anti-inflamatórios é uma prática global, que se mostra ampla e eficaz para o tratamento e alívio de diversas condições de saúde. No Brasil, o ideal é que a administração desses medicamentos seja orientada por um médico, profissional habilitado para direcionar o tratamento adequado para cada paciente.

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