Afinal, paracetamol não causa autismo? Veja este e outros mitos sobre remédios e vacinas
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Nos últimos anos, a disseminação de fake news sobre saúde aumentou e uma das mais recentes é a de que o paracetamol causa autismo. Neste artigo, você vai entender por que essa afirmação é falsa, conhecer outros mitos comuns sobre remédios e vacinas e descobrir como identificar informações confiáveis sobre o tema.
Em setembro de 2025, o governo americano, por meio do presidente Donald Trump e do Secretário de Saúde e Serviços Humanos, Robert F. Kennedy Jr., sugeriram uma possível associação entre a exposição pré-natal ao Paracetamol e o autismo.
O tema gerou debates em todo o mundo, com manifestações de diferentes órgãos de saúde. O porta-voz da Organização Mundial da Saúde, Tarik Jasarevic, destacou que “as evidências de relação permanecem inconsistentes”.
Vivemos em uma era em que as informações circulam mais rápido do que nunca e, infelizmente, isso pode gerar ruídos e falhas na comunicação. Quando o assunto é saúde, boatos sobre medicamentos e vacinas podem gerar medo, confusão e até colocar vidas em risco.
Recentemente, uma das polêmicas mais comentadas foi a alegação de que paracetamol causa autismo. Porém, não existem estudos científicos consistentes que permitam afirmar a relação direta de causalidade entre o medicamento e a condição.
No entanto, muitas pessoas acabaram acreditando nessa relação e compartilhando a notícia, fato que reforça a importância de discutir o tema com responsabilidade.
Então, chegou a hora de você entender de onde surgiu essa ideia, o que os estudos científicos mais recentes dizem sobre o assunto e conhecer outros mitos comuns sobre remédios e vacinas!
Como as notícias falsas sobre saúde se espalham?
Antes de explicarmos o que a ciência diz sobre o assunto, vamos entender o porquê de isso acontecer. Geralmente, a maior parte das notícias falsas sobre saúde começam com uma interpretação errada de estudos científicos ou com informações sem fonte confiável, divulgadas em redes sociais e aplicativos de mensagens.
O problema é que, ao circular sem checagem, essas informações ganham força e podem fazer com que pessoas deixem de se vacinar, usem medicamentos sem orientação ou interrompam tratamentos importantes.
É por isso que médicos e instituições de saúde reforçam a importância de buscar fontes confiáveis, como universidades, hospitais e órgãos oficiais e, claro, desconfiar de conteúdos que prometem curas milagrosas ou demonizam remédios comuns. Assim, evitamos que esses mitos se espalhem por aí!
Paracetamol causa autismo?
O paracetamol é um dos analgésicos e antitérmicos mais usados do mundo, indicado para o tratamento de dor e febre.
A suspeita de que ele poderia causar autismo surgiu após estudos observacionais que sugeriram uma possível correlação entre o uso do medicamento durante a gestação e o aumento de casos de Transtorno do Espectro Autista (TEA).
Porém, correlação não é o mesmo que causa. Pense, por exemplo, em um estudo que fala que pessoas que bebem água todos os dias têm câncer de pulmão.
Todos nós bebemos água e, portanto, é natural que todas as pessoas do estudo de câncer no pulmão também tenham esse hábito. Deu para entender?
Portanto, pesquisas posteriores, mais amplas e rigorosas, mostraram que não há, até o momento, evidência científica consistente que comprove uma relação causal entre o paracetamol e o autismo.
Os estudos iniciais não controlaram adequadamente outros fatores de risco, como histórico genético, doenças maternas ou exposição a infecções durante a gravidez. Assim, os especialistas foram categóricos: não existe comprovação científica de que o paracetamol cause autismo.


O que é o autismo e o que realmente o causa?
O autismo é um transtorno do neurodesenvolvimento que afeta a comunicação, o comportamento e a interação social. Ele é resultado de múltiplos fatores genéticos e ambientais, e não de um único agente externo.
Estudos indicam que a genética é responsável por cerca de 80% dos casos, e que o ambiente tem influência complementar, por exemplo, idade dos pais, complicações na gestação e exposição a certas substâncias tóxicas.
Não existe cura para o autismo, mas o diagnóstico precoce e o acompanhamento multidisciplinar garantem qualidade de vida e autonomia para as pessoas no espectro.
Quais são os outros mitos comuns sobre remédios e vacinas?
Além do mito do paracetamol, há outros boatos que continuam circulando e que merecem ser desmentidos com base em evidências científicas.
Vacinas causam autismo
Olha o autismo de novo! Esse é um dos mitos mais persistentes da história recente. Ele surgiu após um estudo de 1998 que associava a vacina tríplice viral (sarampo, caxumba e rubéola) ao autismo.
O artigo foi retratado, o autor perdeu a licença médica e dezenas de pesquisas posteriores comprovaram que não existe qualquer relação entre vacinas e autismo.
“Remédios naturais” são sempre mais seguros
Embora muitos produtos naturais tenham benefícios comprovados, “natural” não é sinônimo de “inofensivo”. Plantas medicinais e suplementos também podem causar efeitos adversos ou interagir com outros medicamentos.
Por isso, o ideal é sempre conversar com um profissional de saúde antes de usar qualquer substância.
Antibióticos curam qualquer infecção
Antibióticos combatem apenas infecções bacterianas, não virais. Ou seja, não servem para tratar resfriados, gripes ou viroses. O uso incorreto contribui para a resistência bacteriana, um dos maiores problemas de saúde pública do mundo.
E, acredite: a gente não quer que isso se torne uma questão ainda maior. Afinal, as superbactérias podem se tornar invencíveis.
A vacina da gripe causa gripe
Mito clássico: a vacina contra influenza contém vírus inativado, incapaz de causar a doença. É comum sentir sintomas leves após a aplicação, mas isso se deve à resposta imunológica do corpo, sinal de que a vacina está funcionando. Faz parte!
Medicamentos genéricos não têm a mesma eficácia
Outra crença equivocada. Os genéricos passam pelos mesmos testes de qualidade e eficácia que os medicamentos de marca. A diferença é o preço, geralmente mais acessível, pois não envolvem custos de patente ou marketing.
Qual é a importância da educação e da informação em saúde?
A desinformação é um dos maiores desafios da Medicina moderna. Quando as pessoas se baseiam em boatos, colocam em risco não apenas a própria saúde, mas também a saúde coletiva, ou seja, de todos nós.
Por isso, investir em educação em saúde é fundamental. A informação de qualidade ajuda a combater preconceitos, aumenta a adesão à vacinação e incentiva o uso racional de medicamentos.
A formação médica também tem papel essencial nesse processo, pois capacita futuros profissionais a orientarem seus pacientes com base em evidências, de forma inclusiva (ou seja, sem jargões e sempre focado no entendimento da pessoa com quem estamos falando).
FAQ – Perguntas frequentes sobre paracetamol e autismo
1. Paracetamol é seguro para gestantes?
Sim, quando usado conforme orientação médica e por tempo limitado. O abuso pode ser prejudicial ao fígado, mas não há evidências científicas consistentes que apontem riscos no uso do medicamento por grávidas.
2. Existe algum medicamento que provoque autismo?
Não. O autismo tem causas multifatoriais, principalmente genéticas. Nenhum remédio foi cientificamente comprovado como causa.
3. Vacinas podem causar outras doenças?
Não. As vacinas são seguras e passam por rigorosos testes antes de serem aprovadas.
4. É verdade que medicamentos genéricos são menos potentes?
Mito. Eles têm a mesma composição e eficácia dos de marca, com custo menor.
5. Como identificar uma notícia falsa sobre saúde?
Desconfie de mensagens alarmistas, sem fonte científica ou que prometem curas milagrosas. Sempre verifique se há respaldo de autoridades médicas e, em caso de dúvida, converse com um profissional de saúde de sua confiança.
Como vimos, não há evidência científica consistente que comprove uma relação causal entre o paracetamol e o autismo. Antes de acreditar em boatos, é fundamental buscar informações em fontes confiáveis e consultar profissionais qualificados. A ciência é o melhor remédio contra a desinformação!
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