8 doenças que podem ser causadas pelo uso excessivo de telas na infância
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O uso excessivo de telas na infância está cada vez mais comum e pode trazer sérios riscos à saúde das crianças. De modo geral, a exposição afeta o desenvolvimento, gerando doenças como transtornos do sono, problemas de visão, alterações psicossociais e muito mais.
Olhe ao seu redor quando houver crianças por perto: é bem possível que elas estejam em frente a uma tela. Nos últimos anos, o tempo que as crianças passam diante delas aumentou de forma preocupante.
E não é para menos, já que recursos como os celulares, tablets, televisões, videogames e computadores estão cada vez mais presentes na rotina infantil. Esse é um alerta pois, embora possam trazer benefícios dependendo da idade, o uso deles sem controle pode causar impactos profundos na saúde e no desenvolvimento.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), crianças de até 2 anos não devem ser expostas a telas e, entre 2 e 5 anos, o tempo deve ser limitado a uma hora por dia. No entanto, muitas ultrapassam esse limite em várias horas diárias.
Continue para saber quais são as doenças que podem ser causadas por esse exagero.
Como se deu a popularização das telas e o impacto no comportamento infantil?
As telas se tornaram parte inevitável da vida moderna. Elas estão presentes nas escolas, nas brincadeiras, nas refeições e até nas interações familiares.
O problema é que o uso precoce e sem orientação tem alterado a forma como as crianças aprendem, interagem e se relacionam com o mundo. A dopamina liberada durante o uso prolongado de telas cria uma sensação de prazer imediato, semelhante à de vícios comportamentais.
Com isso, muitas crianças apresentam sinais de dependência digital, irritação e dificuldade de concentração. Afinal, se trata do mesmo mecanismo observado em outros tipos de vício. Por isso, é muito importante ter cuidado.
Além disso, o uso intenso compromete atividades fundamentais da infância, como brincar ao ar livre, dormir bem e interagir com outras pessoas, que são essenciais para o desenvolvimento cognitivo e emocional. Por isso, está cada vez mais difícil ver a criançada fazendo coisas que as crianças de antigamente tinham como rotina.
Como o uso excessivo de telas afeta o desenvolvimento das crianças?
Você já viu que ficar longe das telas melhora o desempenho. Mas por que? A resposta é bem simples: o cérebro das crianças está em constante formação, especialmente nos primeiros anos de vida.
Essa fase é marcada por uma intensa criação de conexões neurais que definem habilidades cognitivas, motoras e emocionais. Quando a exposição às telas ocorre em excesso, essas conexões podem ser afetadas, porque não têm o tempo e o ambiente necessário para se desenvolverem.
Entre os principais efeitos estão:
- atrasos na fala e na linguagem, devido à substituição da interação verbal por estímulos visuais e sonoros artificiais;
- dificuldades de concentração e aprendizado, causadas pela sobrecarga sensorial e estímulos rápidos;
- comprometimento do sono, já que a luz azul emitida pelas telas inibe a produção de melatonina, hormônio responsável pelo descanso;
- aumento da ansiedade e irritabilidade, resultado da constante busca por recompensas instantâneas (curtidas, fases vencidas em jogos, notificações, etc.);
- redução da empatia e das habilidades sociais, uma vez que a criança passa menos tempo em interações reais.


Quais são as principais doenças causadas pelo excesso de telas?
O uso prolongado de dispositivos eletrônicos pode desencadear uma série de problemas físicos, oculares e psicológicos. A seguir, conheça as principais doenças causadas pelo excesso de telas na infância:
1. Miopia precoce
A miopia é uma das consequências mais conhecidas do tempo excessivo em frente às telas. Estudos mostram que a exposição prolongada à luz artificial e o foco em objetos próximos, como celulares e tablets, aumentam o risco de desenvolver miopia ainda na infância.
O número de crianças com miopia vem crescendo rapidamente no mundo. A OMS alerta que, até 2050, metade da população mundial será míope e o uso inadequado de telas é um dos principais fatores associados.
A melhor forma de prevenção da saúde dos olhos é o equilíbrio entre tempo de tela e atividades ao ar livre, que estimulam o foco em diferentes distâncias e a produção de dopamina ocular, essencial para o desenvolvimento saudável da visão.
2. Síndrome da visão digital
Outra questão oftalmológica. Também chamada de fadiga ocular digital, essa síndrome ocorre quando os olhos são expostos por longos períodos a telas luminosas. Os sintomas mais comuns incluem:
- olhos secos;
- ardência;
- visão embaçada;
- dor de cabeça;
- dificuldade para focar em objetos distantes.
A síndrome é cada vez mais comum entre crianças e adolescentes. O uso de telas sem pausas, em ambientes pouco iluminados e sem postura adequada agravam o problema.
O ideal é seguir a regra 20-20-20: a cada 20 minutos de tela, olhar para algo a 20 metros de distância por 20 segundos. Essa é uma dica que pode ajudar, mas que ainda assim não substitui a troca das telas pelo “mundo real”.
3. Transtornos do sono
A luz azul emitida por celulares, tablets e computadores interfere no relógio biológico e reduz a liberação de melatonina. Como consequência, as crianças têm dificuldade para dormir e menor qualidade de descanso.
O sono é essencial para o crescimento, a memória e a regulação emocional. A privação constante pode gerar irritabilidade, sonolência diurna, dificuldades escolares e até distúrbios de humor.
Por isso, especialistas recomendam evitar o uso de telas pelo menos uma hora antes de dormir e manter o quarto escuro e livre de dispositivos eletrônicos.
4. Ansiedade e depressão infantil
O excesso de estímulos digitais e a comparação com padrões irreais nas redes sociais têm contribuído para o aumento dos casos de ansiedade e depressão infantil.
Estudos apontam que crianças com mais de 4 horas diárias de uso de telas têm níveis mais altos de estresse e tristeza. Isso se deve à falta de socialização real e à substituição do contato humano por interações artificiais.
Além disso, a dopamina liberada pelas telas em curtos intervalos pode criar um ciclo de dependência, semelhante ao observado em vícios comportamentais. Essa condição vem sendo estudada como uma possível “demência digital”, termo que descreve a deterioração cognitiva causada pelo uso prolongado da tecnologia.
5. Transtornos de atenção e hiperatividade
O consumo constante de vídeos rápidos e jogos de alta estimulação pode prejudicar o desenvolvimento da atenção sustentada.
Crianças expostas por longos períodos a telas têm maior risco de apresentar TDAH (Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade) ou sintomas relacionados, como agitação e impulsividade.
Isso ocorre porque o cérebro infantil passa a se acostumar a estímulos intensos e imediatos, tornando difícil manter o foco em atividades cotidianas mais lentas, como leitura ou aulas presenciais.
6. Obesidade infantil
O tempo excessivo em frente a telas está diretamente associado ao sedentarismo. Quanto mais tempo as crianças passam sentadas, menor o gasto calórico e maior a propensão ao ganho de peso.
Além disso, o hábito de comer assistindo a vídeos ou jogando reduz a percepção de saciedade, o que contribui para a ingestão exagerada de alimentos.
Segundo o Ministério da Saúde, muitas crianças brasileiras estão acima do peso e o uso prolongado de telas é um dos fatores de risco mais relevantes.
7. Problemas posturais e musculoesqueléticos
Crianças que passam muitas horas em frente a tablets e computadores tendem a adotar posturas inadequadas, como curvar o pescoço ou apoiar o corpo de forma incorreta. Isso pode gerar dores nas costas, nos ombros e até deformidades na coluna a longo prazo.
A recomendação é que o tempo de tela seja limitado e que o ambiente de uso tenha cadeira e mesa adequadas, com pausas frequentes para alongamentos e movimentação.
8. Isolamento social e dificuldades de convivência
Embora as telas facilitem a comunicação, o uso excessivo reduz a interação real com familiares e amigos. Crianças que passam muito tempo online tendem a apresentar isolamento social, retraimento e dificuldade de lidar com frustrações.
O desenvolvimento emocional saudável depende do convívio, da empatia e do contato físico, que são habilidades que não podem ser substituídas por interações virtuais.
Qual é a relação entre idade e tempo recomendado de exposição a telas?
De acordo com a OMS e a Sociedade Brasileira de Pediatria, as recomendações para o uso de telas variam conforme a faixa etária:
- menores de 2 anos: não devem ter contato com telas;
- entre 2 e 5 anos: no máximo 1 hora por dia, sempre com supervisão;
- entre 6 e 10 anos: até 2 horas diárias, com pausas e atividades físicas complementares;
- adolescentes: até 3 horas por dia, equilibrando com estudo, lazer e descanso.
E mais importante do que o tempo, é a qualidade do conteúdo consumido. Aplicativos educativos e vídeos supervisionados podem ser ferramentas positivas, desde que utilizados com equilíbrio e orientação.
Como prevenir os efeitos do uso excessivo de telas?
Promover o uso saudável da tecnologia requer planejamento e envolvimento da família. Veja algumas estratégias práticas.
Estabeleça limites claros
Defina horários para o uso de telas e incentive outras atividades, como leitura, brincadeiras e esportes.
Dê o exemplo
As crianças aprendem observando. Pais e responsáveis que passam muito tempo em frente a telas tendem a incentivar o mesmo comportamento nos filhos.
Estimule atividades ao ar livre
A luz natural e o foco em diferentes distâncias ajudam na prevenção da miopia e reduzem o estresse.
Evite telas antes de dormir
Crie uma rotina tranquila à noite, com leitura, música ou conversa, para melhorar o sono e a concentração.
Supervisione o conteúdo
Nem todo conteúdo digital é educativo. Verifique aplicativos e vídeos e participe das atividades digitais da criança.
Qual é o papel da escola e dos profissionais de saúde?
Escolas e pediatras têm papel essencial na conscientização sobre o uso equilibrado da tecnologia. A integração de práticas de saúde digital no ambiente escolar, como pausas visuais e incentivo ao convívio presencial, pode reduzir os riscos.
Além disso, o acompanhamento regular com um médico pediatra permite identificar precocemente alterações visuais, posturais ou comportamentais. Quando necessário, pode-se buscar o apoio de oftalmologistas, psicólogos e fisioterapeutas.
Como você viu, as doenças causadas pelo excesso de telas são um problema crescente e multifatorial. Elas envolvem visão, postura, sono, metabolismo e até saúde mental. Limitar o tempo de exposição, supervisionar o conteúdo e incentivar atividades offline são medidas simples, mas fundamentais para garantir um desenvolvimento infantil saudável.
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FAQ – Perguntas Frequentes
1. Quais são as doenças mais comuns causadas pelo excesso de telas?
Miopia precoce, síndrome da visão digital, obesidade, ansiedade, distúrbios do sono e TDAH estão entre as mais frequentes.
2. Qual é o tempo máximo de tela recomendado para crianças?
Até 1 hora por dia entre 2 e 5 anos, e até 2 horas para crianças maiores, segundo a OMS.
3. O uso de telas pode causar depressão em crianças?
O uso excessivo pode contribuir para sintomas depressivos e ansiedade, especialmente quando há isolamento social.
4. Como evitar que meu filho passe muito tempo no celular?
Crie regras claras, incentive atividades ao ar livre e seja exemplo de uso equilibrado de tecnologia.
5. O que é a demência digital?
É o termo usado para descrever a perda de memória e atenção causada pela exposição prolongada e descontrolada a dispositivos digitais.

